A Cirurgia Metabólica é uma nova visão sobre a cirurgia efetuada no tubo digestivo para manipular o metabolismo e controlar a obesidade, assim como as doenças associadas.
Durante várias décadas, foi preferido o termo de cirurgia bariátrica (do Grego “baros”, que significa peso), que é a designação dada à cirurgia cujo objetivo era perder peso. Atualmente, com o avanço do conhecimento sobre a obesidade, o principal foco do tratamento está na regulação do metabolismo, que vai permitir a perda de peso e a sua manutenção a longo prazo.
A cirurgia metabólica não é o tratamento inicial para todas as pessoas com excesso de peso ou obesidade. Contudo, pode ser uma excelente alternativa, em casos de obesidade grave ou após falência de tratamentos conservadores. A Cirurgia Metabólica é a solução mais eficaz para o tratamento da Obesidade Grave e é a única que está associada a perdas de peso significativas, duradouras e a uma reversão das doenças associadas. Além do mais, é o único tratamento que comprovadamente diminui o risco de morte (por todas as causas), aumenta o número de anos de vida com qualidade e é a terapêutica médica com a melhor relação custo-eficácia.
De acordo com o conhecimento científico mais atual, a cirurgia metabólica é recomendada para pessoas com:
Outros pacientes, que não sejam englobados nestes critérios, poderão ser submetidos a tratamento cirúrgico, após avaliação individual.
A Cirurgia para tratamento da Obesidade é um excelente método para potenciar a perda de peso. No entanto, não é isenta de riscos, complicações e efeitos laterais e todo o processo deverá ser preparado com extremo cuidado. Desta forma, é fundamental a avaliação e seguimento por uma equipa multidisciplinar.
O cirurgião discute com o doente as opções cirúrgicas disponíveis e quais os seus riscos e consequências. Também vai garantir que é um bom candidato a cirurgia e que não existem contraindicações ou outros motivos que impeçam a realização do ato cirúrgico ou que indiquem um procedimento alternativo.
Todos os doentes devem ter em atenção que compreendem os riscos e benefícios da cirurgia para perda de peso. Devem estar motivados e preparados para efetuar alterações duradouras no seu estilo de vida, na prática de exercício físico, na forma como se alimentam e como mantêm um peso saudável após a cirurgia.
O objetivo da cirurgia metabólica é controlar a doença metabólica e diminuir o risco das doenças associadas à obesidade. O seu resultado não pode ser medido apenas pela quantidade total de peso perdido e não é uma intervenção estética.
A cirurgia metabólica, pode ajudá-lo a ficar mais leve, a sentir-se melhor, a ficar mais saudável, a melhorar a sua autoestima e a imagem corporal, a reduzir o dinheiro gasto com despesas de saúde e aumentar a sua produtividade no trabalho.
A maioria dos pacientes tem uma perda de peso rápida após a cirurgia, com maior intensidade nos primeiros 3 a 6 meses. A maioria dos estudos sugerem que a perda de peso, após tratamento cirúrgico, é superior a 30% do peso corporal e, dependendo da técnica e da condição clínica, poderá ir de 60-90% do excesso de peso.
Apesar de poder ocorrer algum reganho de peso após alguns anos, a maioria dos indivíduos mantém pelo menos 50% do peso perdido a longo prazo e mantêm-se num estado globalmente mais saudável após a cirurgia. Os valores aqui apresentados são meramente indicativos de valores médios para uma população. Todas as técnicas cirúrgicas têm casos de “sucesso”, com perda de todo o excesso de peso, e de “insucesso”, com perdas <50% do excesso de peso.
A cirurgia vai diminuir a capacidade de reservatório do estômago levando à diminuição das porções alimentares e da fome. Por outro lado, as cirurgias que envolvem derivação do estômago vão fazer com que os alimentos cheguem mais rapidamente e não digeridos ao intestino.
Isto altera a produção de diversas hormonas envolvidas na regulação energética, bem como na digestão, resistência à insulina e saciedade. Algumas destas cirurgias podem induzir um aumento da taxa de metabolismo basal, potenciando o gasto energético em repouso. A perda de peso ocorre devido à alteração do equilíbrio metabólico: a restrição da ingestão alimentar acontece em conjunto com uma estimulação hormonal de um estado de saciedade, o que interfere com a regulação energética do organismo, favorecendo a perda de peso.
A cirurgia leva a uma melhoria rápida da resistência à insulina, com controlo da diabetes tipo 2 apenas alguns dias após. Isto reforça o conceito de modulação do metabolismo, induzindo alterações hormonais e interferindo na regulação dos centros do apetite e da saciedade no eixo intestino-fígado-pâncreas. A derivação de certos segmentos do tubo digestivo e a restrição alimentar podem levar ao défice de algumas vitaminas e sais minerais, pelo que será necessário efetuar uma suplementação específica após a cirurgia.
O principal objetivo da cirurgia é recuperar a qualidade de vida. A perda de peso deve acontecer de forma natural, sem sacrifício e na ausência de complicações (náuseas, vómitos, dor ou disfagia). O objetivo é permitir uma alimentação variada e completa, em pequenas porções e com preferências alimentares saudáveis.
Após a maioria das cirurgias, ocorrem alterações a nível de produção de hormonas e peptídeos intestinais que interferem com os centros de prazer associado à alimentação. A alimentação não traz a mesma recompensa, a mesma satisfação. A mudança que ocorre ao nível do paladar também altera as preferências alimentares, fazendo com que se prefiram habitualmente alimentos de menor densidade calórica e mais ricos em proteínas e minerais.
Antes de ser submetido a uma cirurgia bariátrica ou metabólica tem de se assumir um compromisso, consigo e com a sua saúde. Isto inclui manter o contacto com a sua equipa médica, efetuar exercício físico de forma regular e manter uma alimentação saudável. Pode ser difícil desenvolver novos hábitos de vida e aderir ao plano de perda de peso.
Todo o processo requer esforço para conseguir atingir os objetivos. A cirurgia é uma ferramenta importante, mas em última análise o poder está nas mãos de cada um!
A obesidade, a diabetes e o síndrome metabólico são doenças crónicas e sem “cura” conhecida. No entanto, os tratamentos existentes conseguem controlar a evolução da doença. O objetivo da cirurgia é colocar a diabetes em remissão, ou seja, com valores de glicose no sangue normais, na ausência de medicação para controlo glicémico. Isto permite evitar ou atrasar a progressão das complicações associadas à diabetes.
Um estudo nosso demonstrou que o Bypass Gástrico levou a uma remissão do síndrome metabólico em 84% dos doentes operados. Diversos estudos científicos têm demonstrado que a taxa de remissão da diabetes, em doentes obesos após Bypass Gástrico, é >80% e que a mortalidade global, após cirurgia, reduz até 90%. Mesmo em doentes diabéticos não obesos, a cirurgia metabólica poderá ser uma opção, embora com uma taxa de sucesso menor.
Atualmente, existem diversas técnicas cirúrgicas recomendadas para o tratamento da Obesidade e para o controlo das Doenças Metabólicas. Não existe uma técnica “ideal” e a sua escolha depende de múltiplas características do doente, da doença e da “experiência” do cirurgião. Tentamos sempre adaptar a técnica ao doente ao invés de tentar adaptar o doente à técnica, mantendo-nos sempre atualizados e disponibilizando as intervenções mais eficazes e inovadoras.
Dependendo da condição clínica, a maioria destas cirurgias poderá ser, atualmente, realizada em regime de ambulatório (regresso a casa em menos de 24 horas) ou com tempos de internamento muito curtos e, habitualmente, inferiores a 48 horas. A melhoria contínua das técnicas cirúrgicas e dos protocolos de recuperação rápida permitem que a maioria das pessoas possa retomar a sua atividade diária básica nos primeiros 3-4 dias após a cirurgia. A convalescença é uma evolução muito pessoal, mas habitualmente a recuperação é rápida e praticamente indolor.
Algumas das técnicas cirúrgicas “disponíveis” são:
A cirurgia de banda gástrica, outrora popular, foi praticamente abandonada, devido aos seus resultados e taxa de complicações a longo prazo. As técnicas cirúrgicas não se esgotam na lista proposta, sendo que procuramos sempre a melhor solução adaptada a cada situação clínica e acreditamos que não existem problemas sem solução nem casos perdidos.
O Bypass Gástrico (em Y Roux ou com anastomose única) funciona por 3 mecanismos diferentes: reduz a quantidade de alimentos que consegue ingerir, aumenta a saciedade e altera a biodisponibilidade dos nutrientes. Na realização do Bypass, o cirurgião cria uma pequena bolsa gástrica (excluindo, aproximadamente,90% do estômago) e realiza a sua ligação com o intestino delgado, inativando cerca de 2 metros deste. De acordo com a técnica escolhida, pode ser necessário realizar uma segunda ligação do intestino delgado (Bypass em Y Roux – Figura 1) ou manter apenas a ligação entre o estômago e o jejuno (Bypass de Anastomose Única ou Mini-bypass – Figura 2).
Este procedimento ajuda a perder peso porque:
– i) a pequena bolsa gástrica e a anastomose (ligação artificial entre o estômago e o intestino) limita o volume de comida tolerado pelo estômago, transmitindo uma sensação de saciedade após uma pequena ingestão alimentar (com o tempo, esta bolsa pode dilatar, tolerando a ingestão de maiores volumes);
– ii) visto que a comida ultrapassa a maior parte do estômago e do intestino delgado proximal, altera-se o equilíbrio energético e a biodisponibilidade dos alimentos. Esta alteração anatómica, aumenta a sensação de saciedade e a produção de hormonas que regulam a produção de insulina. Por este motivo, as técnicas de Bypass Gástrico (em Y-Roux ou Anastomose Única / Mini-bypass) têm um efeito direto no controlo da diabetes que é independente da perda de peso.
A cirurgia é realizada por 5 pequenas incisões, com o auxílio de 1 câmara de vídeo (laparoscopia). É um procedimento potencialmente reversível, com um risco de complicações pós-operatórias de <2% e uma mortalidade <0,1%. As principais complicações são a deiscência da anastomose (dificuldade de cicatrização da “ligação” efetuada entre o estômago e o intestino), a infeção intra-abdominal e a hemorragia. A longo prazo, podem surgir complicações como os défices de vitaminas ou minerais, estenose (aperto) da anastomose, úlceras, hérnias ou hipoglicemias.
O Bypass Gástrico é a técnica cirúrgica mais estudada e com mais longo seguimento e a perda de peso esperada é de aproximadamente 80% do excesso de peso. Cerca de 80% dos pacientes atingem um IMC <30, cerca de 1 ano após a cirurgia, e a maioria dos doentes consegue manter a perda de peso a longo prazo (>10 anos).
O Sleeve Gástrico (Gastrectomia vertical calibrada) é uma cirurgia que reduz o tamanho do estômago, transformando-o num tubo estreito e comprido (Figura 3). O novo estômago é muito mais pequeno, tolera menor volume alimentar e produz menor quantidade de uma hormona (grelina) que é responsável pelo apetite.
O Sleeve Gástrico é considerado menos invasivo do que o Bypass Gástrico, porque não existe rearranjo do trânsito intestinal e tem menor risco de défices nutricionais. É uma cirurgia mais simples, mais rápida e com menor impacto fisiológico. Não altera a absorção de medicamentos, nem deixa segmentos excluídos do tubo digestivo.
É uma cirurgia definitiva e as principais complicações são decorrentes da linha de sutura ao longo do estômago. A incidência de fístulas da linha de sutura ronda os 1-2%. A longo prazo podem surgir complicações decorrentes, quer da estenose (aperto), quer da dilatação da bolsa gástrica.
A principal complicação é o refluxo gastroesofágico, que pode afetar até 30% dos doentes operados.
Embora os ensaios clínicos (grau de qualidade mais elevado dos estudos científicos) reportem perdas de peso semelhantes ao Bypass Gástrico, na prática diária apresenta uma perda de peso ligeiramente inferior, com uma redução esperada de excesso de peso de cerca de 60-70%. O risco de recuperação de peso após os 2 anos iniciais é maior e implica um compromisso mais vincado com a mudança do estilo de vida e com a prática de exercício físico.
O Sleeve Gástrico pode ser realizado por laparoscopia, com 3 a 5 pequenas incisões ou por técnica de porta única. A Cirurgia Metabólica por porta única implica o acesso à região abdominal através de uma única pequena incisão (habitualmente “escondida” na região do umbigo) e permite – através do uso de materiais especiais e de treino da equipa cirúrgica – a realização da gastrectomia vertical sem que deixe cicatriz visível.
Ambas as cirurgias associam a diminuição do volume do estômago (de forma semelhante ao Sleeve Gástrico) a uma derivação dos alimentos para o intestino, mais à frente do que o habitual (à semelhança do Bypass Gástrico). Uma vez que a digestão de proteínas e gorduras ocorre apenas onde os dois segmentos intestinais se unem, a absorção é realizada num segmento mais curto do intestino.
Comparativamente com o Bypass e com o Sleeve, associam-se a maior perda de peso e maior/melhor remissão das comorbilidades associadas à obesidade, nomeadamente da diabetes. Estes procedimentos, frequentemente, implicam uma dieta rica em proteínas para evitar deficiências proteicas e podem cursar com um aumento do número de dejeções diárias.
SADI-S
O SADI-S é um procedimento estabelecido, moderno e seguro. Pode ser realizado em um ou em dois tempos distintos. A primeira parte da intervenção consiste na realização de um Sleeve (gastrectomia vertical). Na segunda parte da intervenção, o duodeno (parte mais proximal do intestino delgado) é dividido, resultando num pequeno segmento ligado ao estômago e num segmento mais longo, ao qual permanecem ligados o fígado e o pâncreas. De seguida, o íleo (parte mais distal do intestino delgado) é ligado ao segmento do duodeno que ficou ligado ao estômago.
Ao contrário do Duodenal Switch implica apenas uma anastomose que é realizada entre a parte mais inicial do duodeno (logo após a saída do estômago) e o intestino delgado e cria um canal comum mais longo (através do qual passam os nutrientes). O SADI-S permite um trânsito intestinal mais regular e acarreta menos deficiências nutricionais/vitamínicas.
DUODENAL SWITCH (DS)
O DS é a cirurgia metabólica mais eficaz/potente, permitindo alcançar a maior perda de peso e a maior remissão de comorbilidades de todas as cirurgias bariátricas. Reserva-se, geralmente, para doentes com IMC> 60Kg/m2.
Esta cirurgia é, frequentemente, realizada em dois tempos distintos. A primeira intervenção consiste na realização de um Sleeve (gastrectomia vertical). Na segunda intervenção o duodeno (parte mais proximal do intestino delgado) é dividido, resultando num pequeno segmento ligado ao estômago e num segmento mais longo ao qual permanecem ligados o fígado e o pâncreas. De seguida o íleo (parte mais distal do intestino delgado) é dividido do intestino delgado mais proximal e são realizadas duas ligações: 1) entre o topo ileal distal e o segmento do duodeno, que ficou ligado ao estômago; 2) entre o topo proximal do íleo, previamente seccionado, e o íleo mais distal.
Ambos os procedimentos são seguros e as complicações são raras, sendo as mais frequentes leak (“fuga”), hemorragia, obstrução intestinal e alterações nutricionais com necessidade de reversão.
“Single Anastomosis Stomach-Ileal Bypass With Sleeve Gastrectomy” (Bypass gastro-ileal de anastomose única com gastrectomia vertical).
Esta cirurgia associa a diminuição do volume do estômago (pela realização de um Sleeve gástrico), a uma derivação dos alimentos para o intestino mais à frente do que o habitual (pela realização de um Bypass). A absorção, incluindo a digestão de proteínas e gorduras, ocorre ao longo de todo o intestino. Porém, cerca de 80% dos alimentos são “entregues” ao intestino delgado mais à frente diminuindo a sua absorção. De destacar, contudo, que o principal efeito desta cirurgia é metabólico e não restritivo ou hipoabsortivo.
Este procedimento consiste na realização de um Sleeve (gastrectomia vertical) a que se associa uma ligação do estômago ao íleo (intestino delgado distal) resultando em 2 ligações entre o estômago e o intestino: 1) a original/natural – com o duodeno (intestino delgado proximal) e; 2) a nova/criada – entre o estômago e o íleo (intestino delgado distal). Desta intervenção resulta uma passagem preferencial (estimada em 70%), mas não exclusiva, pela nova ligação o que vai condicionar significativas alterações metabólicas com melhoria da saciedade, do controlo da fome e diversas alterações hormonais que resultam na perda de peso e controlo de comorbilidades.
O SASI-S é um procedimento inovador e seguro. Comparado com os mais clássicos DS e SADI-S, parece acarretar menos défices nutricionais e permite uma eventual necessidade futura de intervenção endoscópica sobre a árvore biliar ou sobre o duodeno, uma vez que o duodeno não é seccionado.
Comparado com o Bypass gástrico (RYGB) parece ser mais eficaz/potente, associando-se a maior perda de peso e remissão das comorbilidades associadas à obesidade, nomeadamente da diabetes mellitus.
Este procedimento é seguro e as complicações são raras, sendo as mais frequentes leak, hemorragia, obstrução intestinal e alterações nutricionais.
Dado que a obesidade é uma doença crónica, por vezes, uma cirurgia não é suficiente para o seu controlo durante toda a vida. Outras vezes, existem complicações associadas às cirurgias que necessitam de tratamento cirúrgico.
Assim, as Cirurgias de Revisão podem ser cirurgias de reparação de uma técnica cirúrgica insuficiente ou com complicações; ou Cirurgias de Conversão de uma técnica noutra diferente. Isto pode incluir o tratamento de complicações ou insucesso da Banda Gástrica, Sleeve Gástrico ou Bypass Gástrico.
Existem diversas condicionantes técnicas e opções cirúrgicas possíveis, pelo que a avaliação personalizada da complicação ou do insucesso, uma avaliação global do doente e uma discussão dos riscos e benefícios, é fundamental. Esta será a área em que a experiência, o empenho e a disponibilidade da equipa cirúrgica é mais fundamental, para que não sejam dados casos como perdidos e para que em cada problema se possa oferecer uma solução.
Apesar de ser um grupo de cirurgias extraordinariamente seguras e alguns dos procedimentos cirúrgicos de menor risco, na Cirurgia Metabólica podem ocorrer algumas complicações. No entanto, é necessário compreender, que o risco destes procedimentos é menor do que o risco da doença. Não tratar a obesidade também traz riscos (nomeadamente do foro cardiovascular) e estes são maiores do que os decorrentes da cirurgia.
O risco depende do ato cirúrgico em si e dos problemas de saúde existentes antes da cirurgia. Algumas das complicações mais frequentes no período pós-operatório precoce incluem:
As complicações “médicas” mais comuns incluem os coágulos nas pernas ou pulmões (tromboembolismo), enfarte do miocárdio, pneumonia e infeção urinária. O risco de tromboses venosas ou pulmonares tem de ser controlado, após a cirurgia, através de uma medicação que reduz a coagulação sanguínea. As complicações podem surgir em qualquer situação e cirurgia, embora os principais fatores de risco sejam dependentes do doente e da sua condição clínica prévia.
O risco de mortalidade após cirurgia metabólica existe mas é inferior a 0,05% (menos de 1 em cada 2000 doentes).
Alguns efeitos laterais e complicações que podem ocorrer a longo prazo são:
Algumas destas complicações tardias, podem necessitar de reintervenção cirúrgica para o seu tratamento.
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A Obesidade é definida pela Organização Mundial de Saúde como uma acumulação excessiva de gordura, que pode colocar em risco a saúde.
A obesidade nos adultos, é definida por uma medida simples (IMC), entre o peso e a altura de um indivíduo, sendo considerada Obesidade, a presença de um IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30 kg/m2.
O excesso de peso e a obesidade são a 5ª causa de risco de mortalidade a nível mundial. Estima-se que todos os anos 2.8 milhões de pessoas venham a morrer como consequência da obesidade. A OMS, estima que em 2008, existiam cerca de 1.4 mil milhões de pessoas em todo o mundo com excesso de peso e cerca de 500 milhões de pessoas com obesidade (cerca de 10% da população mundial).
O IMC é calculado pela seguinte fórmula: Peso(kg) / Altura(m)2.
Use o nosso calculador disponível no rodapé do website.
A cirurgia bariátrica (do Grego “baros”, que significa peso) é um termo dado à cirurgia que o ajuda a perder peso. A cirurgia bariátrica não é recomendada para todas as pessoas com excesso de peso ou obesidade. Contudo, pode ser uma opção se você for obeso e não conseguir perder peso por outros métodos. A Cirurgia Bariátrica é o tratamento disponível mais eficaz para o tratamento da Obesidade Mórbida e é o único que está associado a perdas de peso significativas, duradouras e a uma reversão eficaz das doenças associadas à obesidade. Além do mais, é o único tratamento que está associado com uma diminuição do risco de morte (por todas as causas).
Mais recentemente, surgiu o conceito de Cirurgia Metabólica, em que além do tratamento do excesso de peso, os objectivos da Cirurgia passam pelo controlo (ou cura) das doenças metabólicas associadas à obesidade (ex. Diabetes Mellitus tipo 2, Dislipidemia, Hipertensão Arterial).
A cirurgia bariátrica e metabólica é recomendada para pessoas com:
Deve ter em atenção que compreende os riscos e benefícios da cirurgia para perda de peso. Deve estar motivado e preparado para efectuar alterações duradouras no seu estilo de vida, na forma como se alimenta e como mantém um peso saudável após a cirurgia. Deve também ser realista acerca do potencial após cirurgia.
Outros pacientes, que não sejam englobados nestes critérios, mas que desejam cirurgia bariátrica e seja considerado vantajoso pela equipa assistente, poderão ser submetidos a tratamento cirúrgico, após avaliação individual.
A maioria dos estudos científicos afirma que sim! No entanto, a patofisiologia (mecanismos que levam ao desenvolvimento) da diabetes ainda não é completamente conhecida. Daí que a ciência médica não possa ter a certeza de cura. O objectivo é colocar a diabetes em remissão, ou seja, com valores de glicose no sangue normais, na ausência de medicação para controlo glicémico. Isto permite evitar ou atrasar a progressão das complicações associadas à diabetes.
Um estudo nosso, publicado recentemente na principal revista científica da área cirúrgica, demonstrou que o Bypass Gástrico, levou a uma remissão do síndrome metabólico em 84% dos doentes operados. Diversos estudos científicos, têm demonstrado que a taxa de remissão da diabetes em doentes obesos após Bypass Gástrico é >80% e que a mortalidade global após cirurgia reduz até 90%. Mesmo em doentes diabéticos não obesos, a cirurgia metabólica poderá ser uma opção, embora com uma taxa de sucesso significativamente menor.
A Cirurgia para tratamento da Obesidade, é um excelente método para potenciar a perda de peso. No entanto, não é isenta de riscos e todo o processo deverá ser preparado com extremo cuidado. Desta forma, é fundamental a avaliação e seguimento por uma equipa multidisciplinar, criada especificamente para o efeito. Antes de se realizar uma Cirurgia, será necessária a avaliação em pelo menos 2 consultas multidisciplinares, que incluem um Nutricionista, um Psicólogo, um Internista (ou Endocrinologista) e um Cirurgião, que irá realizar a cirurgia (Cirurgião Bariátrico).
Pode ter necessidade de trabalhar com estes especialistas durante várias semanas antes da cirurgia.
O nutricionista vai avaliar os seus hábitos alimentares e prepará-lo para as mudanças necessárias após a cirurgia. Também o vai ajudar a perder algum peso antes da cirurgia (o que diminui significativamente o risco operatório).
O psicólogo (ou psiquiatra), vai ajudá-lo a lidar com o “stress” e com outros factores que lhe podem dificultar a perda de peso ou desencadear perturbações alimentares. Também vai avaliar e estimular a sua motivação e capacidade para cumprir o exigente plano pós-operatório.
O internista (ou endocrinologista) vai determinar se precisa de outros exames antes da cirurgia e se existe alguma causa médica, reversível, na base da sua obesidade. Também o poderá ajudar a iniciar um programa de perda de peso antes de ser submetido a cirurgia.
Além de o guiar e acompanhar ao longo de todo o processo (desde a avaliação preliminar até ao seguimento pós-operatório) e de realizar o acto cirúrgico, o cirurgião bariátrico, vai discutir consigo as opções cirúrgicas disponíveis e quais os seus riscos e consequências. Também vai garantir que é um bom candidato a cirurgia e que não existem contra-indicações ou outros motivos que impeçam a realização do acto cirúrgico ou que indiquem um procedimento alternativo.
É fundamental a realização de alguns exames, que permitam excluir causas endógenas de obesidade, diagnosticar patologias associadas, avaliar o risco operatório e escolher a melhor técnica cirúrgica, adaptada a cada situação.
Assim, consideramos fundamental a realização dos seguintes exames:
Claro que sim. O objectivo dos exames é permitirem uma avaliação adequada de cada situação. Desde que a equipa tenha acesso aos seus resultados, estes podem ser efectuados onde quiser, desde que não tenham sido feitos há mais de 6-12 meses.
É nosso objectivo uma avaliação expedita, evitando demoras desnecessárias e mantendo a motivação para o tratamento em curso, mas ao mesmo tempo, evitar tratamentos cirúrgicos precoces, sem que a pessoa esteja devidamente preparada para a adesão à terapêutica e ciente das alterações ao estilo de vida essenciais para o sucesso da cirurgia. Desta forma, não é desejável que o tempo decorrido entre a 1ª consulta e a cirurgia seja inferior a 4 semanas, nem superior a 12 semanas.
É desejável que antes da intervenção cirúrgica o paciente possa efectuar alterações no seu estilo de vida e aderir ao um plano nutricional e de exercício físico adequado. Desta forma, poderá contar com a nossa equipa de Nutrição, Psicologia e Medicina Física, para o apoiar ao longo deste processo.
Após a cirurgia, o paciente deve ter um acompanhamento regular multidisciplinar, de forma a assegurar a adesão ao tratamento e aos protocolos nutricionais instituídos, bem como o fundamental apoio psicológico e a monitorização da evolução das co-morbilidades. Desta forma, preconiza-se que o seguimento multidisciplinar seja efectuado em consulta (Cirurgia, Nutrição, Psicologia e Med. Interna) aos 1, 3, 6, 12 meses de pós-operatório e de 6/6 meses daí em diante.
A avaliação por Cirurgia Plástica, com vista a cirurgia de remodelação corporal é recomendada a partir dos 12 meses, quando é expectável que se atinja o peso estável após cirurgia bariátrica.
A duração da cirurgia e do período de internamento dependem da complexidade cirúrgica e da ocorrência de eventuais complicações. Os tempos estimados para cada uma das técnicas são:
Embora não seja conhecido de forma exacta o risco de uma gravidez imediatamente após uma cirurgia bariátrica, é desaconselhada a gravidez nos primeiros 12 meses após a cirurgia (período em que ocorre a maioria da perda de peso), devido à falta de conhecimento das possíveis consequências para o feto.
A técnica cirúrgica de eleição para o tratamento da Obesidade Mórbida e para o controlo das Doenças Metabólicas é o Bypass Gástrico. No entanto, quer seja por contra-indicações ao Bypass, quer por preferência do doente, poderão ser utilizadas outras técnicas cirúrgicas alternativas. As técnicas cirúrgicas “disponíveis” são:
Consulte a nossa página de opções cirurgicas para informações mais detalhadas sobre cada cirurgia.
Consulte a nossa página de tratamentos – opções cirúrgicas.
Consulte a nossa página de tratamentos – opções cirúrgicas.
Consulte a nossa página de tratamentos – opções cirúrgicas.
O objectivo da cirurgia bariátrica e metabólica é diminuir o risco das doenças associadas à obesidade. Não é uma cirurgia estética e o seu resultado não pode ser medido apenas pela quantidade total de peso perdido. A cirurgia bariátrica, pode ajudá-lo a sentir-se melhor, a melhorar a sua imagem corporal, a reduzir o dinheiro gasto com despesas de saúde e aumentar a sua produtividade no trabalho.
A maioria dos pacientes tem uma perda de peso rápida após a cirurgia e a perda mais rápida ocorre nos primeiros 3 a 6 meses. A maioria dos estudos sugerem que após Bypass Gástrico, é esperada a perda de 70%-80% do excesso de peso; após Banda Gástrica cerca de 50% do excesso de peso e após Sleeve Gástrico, cerca de 60-70% do excesso de peso. Apesar de poder ocorrer algum reganho de peso após alguns anos, a maioria dos indivíduos mantém pelo menos 50% do peso perdido a longo prazo e mantêm-se num estado globalmente mais saudável após a cirurgia. Os valores aqui apresentados são meramente indicativos de valores médios para uma população. Não podemos garantir nenhum resultado para uma pessoa individual e todas as técnicas cirúrgicas têm casos de “sucesso”, com perda de peso de ~100% do excesso de peso e casos de “insucesso”, com perdas de peso <50% do excesso de peso.
A cirurgia metabólica pode melhorar as doenças associadas à obesidade a tal ponto que a diabetes, a hipertensão e a dislipidemia podem não necessitar de mais tratamento farmacológico. A cirurgia pode ainda ajudá-lo a diminuir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares (enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral), diversos tipos de cancro, algumas infecções e globalmente o risco de mortalidade a 5 anos.
O seguimento pós-operatório é fundamental para garantir quer o sucesso, quer a segurança da cirurgia bariátrica e deve ser efectuado pela equipa multidisciplinar. Deve existir uma monitorização da evolução das co-morbilidades e uma adequação das medidas terapêuticas. Além das consultas programadas, é recomendada a realização de um perfil analítico (sangue e urina), pelo menos, anualmente.
A prática de exercício físico é fundamental para potenciar os resultados da cirurgia. Por um lado, ajuda de forma significativa à perda de peso; por outro lado, evita a perda de massa muscular. Neste período, a prática de exercício físico deve ser acompanhada por um profissional. A equipa de Medicina Física do HE, está disponível para o ajudar.
Hoje, fazer “ginástica” é uma condição obrigatória para:
Assim, em equipa pluridisciplinar, conseguimos propiciar o conceito de Saúde, isto é, o “bem-estar bio-psico-social” de acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Por meio do exercício físico, devidamente orientado e acompanhado, conseguimos ficar no meio de um sentimento de plenitude física (interna e externa), psicológica e participativa na Sociedade (Não à exclusão!):
Na Cirurgia Bariátrica, podem ocorrer uma série de complicações, e o seu risco depende do acto cirúrgico em si e dos problemas de saúde que tenha antes da cirurgia. Algumas das complicações mais frequentes no período pós-operatório precoce incluem:
As complicações “médicas” mais comuns incluem os coágulos nas pernas ou pulmões (tromboembolismo), enfarte do miocárdio, pneumonia e infecção urinária.
As complicações podem surgir em qualquer situação e cirurgia e poderão ser tratadas no he+, ou necessitar de transferência para outros hospitais.
O risco de mortalidade após cirurgia bariátrica existe, sendo estimado em cerca de 0,1% (1 em cada 1000 doentes).
Alguns efeitos laterais e complicações que podem ocorrer a longo prazo são:
Algumas destas complicações tardias, podem necessitar de reintervenção cirúrgica para o seu tratamento.
Sim. A dieta após cirurgia bariátrica tem vários objectivos:
A dieta específica e adaptada a cada doente, será da responsabilidade do nutricionista assistente e vão depender da cirurgia realizada, das características de cada doente e do “acordo” entre a equipa assistencial e o doente. No entanto, existem alguns princípios gerais que podem ser aplicados.
A dieta pós cirurgia bariátrica tem, habitualmente, 4-5 fases, para facilitar a transição para uma dieta geral, sem restrições. A velocidade de progressão por estes passos, pode ser variável, de acordo com o tipo de cirurgia efectuado e a adaptação de cada doente.
Habitualmente, cerca de 3 meses após a cirurgia, podem retomar a dieta com alimentos sólidos e firmes. É extremamente importante parar de comer quando se sentir “cheio” ou satisfeito. É possível que desenvolva aversões ou intolerâncias a alguns alimentos.
Deve tentar seguir algumas recomendações dietéticas globais:
Vai levar alguns meses até aprender a “ouvir” o seu corpo e perceber exactamente quando tem fome ou quando se sente satisfeito. É habitual sentir alterações no paladar e na “vontade” de comer certos alimentos. É natural que deixe de gostar de comidas que previamente gostava e que passe a gostar de comidas “novas”. Este processo pode ser frustrante para algumas pessoas, mas o seu nutricionista e psicólogo cá estarão para ajudar.
Habitualmente a maioria do peso, é perdido nos primeiros 12-18 meses após a cirurgia, pelo que deve aproveitar este período ao máximo. Após atingir o objectivo de perda de peso, algumas pessoas são submetidas a cirurgia plástica para remodelação corporal (remoção da pele em excesso).
É possível que algum tempo após a cirurgia (habitualmente após o 3º ano), possa existir um ligeiro aumento de peso. Tem de estar preparado para este facto e atento, para o tentar minimizar.
Antes de ser submetido a uma cirurgia bariátrica ou metabólica, tem de se comprometer consigo em manter uma vida saudável. Isto inclui manter o cuidado com a sua equipa de médicos, efectuar exercício físico de forma regular e manter uma alimentação saudável.
Pode ser difícil desenvolver novos hábitos de vida e aderir ao plano de perda de peso. Terá de se esforçar para conseguir atingir os objectivos. A cirurgia é uma ajuda importante, mas em última análise o poder está consigo!
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